Reconhecimento de padrões é uma coisa que certamente faz parte da fase da aquisição da linguagem. Reparei nisso ao andar de carro com a Júlia, que aprendeu cedo a reconhecer as estações de metro e diferenciá-las das estações de trem.

Da mesma forma, ela sabe quando estamos passando diante de uma farmácia ou de um hotel. Há sinais que mostram que o local faz parte da mesma categoria, ou não.

São sinais que o cérebro assimila e processa muito rápido.

Tenho a sensação que algo assim acontece com os alimentos, principalmente quando a criança fala "não gosto" ou "gosto" diante de um prato, sem nunca tê-lo experimentado.

Todas as crianças fazem isso eventualmente, com maior ou menor frequência.

Várias vezes a Júlia pediu no supermercado para eu comprar Danoninho. Eu sei que ela não gosta e não come nenhum tipo de iogurte, mas ela sempre insiste para levar como se quisesse fazer parte de um padrão, provavelmente porque as amigas gostam ou porque é visivelmente um alimento de crianças, por causa da embalagem.

Com a maioria das balas acontece a mesma coisa. Ela fica seduzida, faz eu comprar e não come.

Já reparei também que as cores, as formas e os nomes do alimentos influenciam as escolhas.

Certa vez, ofereci brioche para a Júlia, mas ela acabou comendo um croissant. Fiquei com medo de dizer que era um croissant e ela parar de comer naquele instante, porque queria brioche. Mas acho que deu certo: hoje ela adora croissant e brioche, independente dos nomes. Acho que ela percebeu que são da mesma classe de alimentos que ela gosta.

Não sei se existe alguma literatura ou estudo sobre o assunto, mas a mente das crianças é tão complexa que deve existir alguma publicação a respeito.

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