Chovia um monte. Ela voltou da escolinha por volta das 13h15 com muita fome. Fomos direto para o D.O.M., somente eu e ela. Eu queria que ela provasse o menu executivo mais gostoso da cidade.
No carro, ela reclamou um monte: sono, sono, sono. Ai, como isso estraga o humor.
Chegou de cara feia e aos poucos foi se soltando. Levantou várias vezes para espiar a cozinha, tentando adivinhar onde estava o tal Alex Atala, que outro dia viu na rua e trocou acenos com ela. Quando contei que é considerado um dos 20 melhores chefs do mundo, a Júlia disse: ele cozinha melhor que o papai?
Peixe grelhado (Saint Peter), feijão preto e feijão marrom, banana frita, couve, farofinha, batata frita em cubinhos: o menu mais brasileiro do Brasil.
Ela devorou o peixe, tirou o bacon da farofa, não comeu a couve por causa do bacon, gostou do feijão preto, deixou a banana para mim, e disse por fim: nossa, mãe, o Alex Atala sabe mesmo fazer batata!!
E depois o maitre revelou: a batata é "puxada" na rabada. O prato favorito da Júlia e que por sinal tem no menu, mas sem osso, como molho de uma massa.
O tempo todo, se portou como uma lady. Falou baixinho e reclamou que alguns não eram tão silenciosos. Eram os homens "fazendo reunião", segundo ela.
O café veio acompanhado daqueles docinhos gostosos e dadinhos. Não sobrou nada. Eu e ela comemos tudo.
Até cansar.
Antes de irmos embora, a Júlia disse: à noite a gente poderia voltar com o papai, né? Acho que ela gostou.