AS SARDINHAS
Aqui em casa, as sardinhas costumam ter um final feliz. São saboreadas, apreciadas e amadas até o último pedacinho.
É lindo ver a Júlia segurando o peixinho pela cauda em direção à boca.
No domingo, fizemos uma porção delas na grelha, acompanhadas de brócolis, gohan (arroz japonês) e ovas de peixe com molho de shoyo.
AS OVAS DE PEIXE
No pacote das ovas a descrição do produto: "cabeça de peixe". O preço: também de cabeça de peixe. Eram sobras generosas que ganhamos do peixeiro, preparadas com um receita muito simples que o Bill aprendeu com a avó dele.
Misture numa panela shoyo, açúcar, alho, ajinomoto, molho de ostra e saquê. Isso vai ferver, borbulhar e subir na panela. Baixe o fogo. Coloque as ovas. Deixe-as em fervura até ficarem cozidas, cerca de 10 minutos.
Não é um prato visualmente bonito. Longe disso. Mas o sabor...
A Júlia não quis comer, ficou concentrada nas sardinhas e brócolis. Tudo bem. Não forçamos jamais comer qualquer coisa porque isso apenas estragaria qualquer possibilidade de prazer num futuro encontro com o alimento.
Com a Bottarga (ovas de tainha defumadas) foi mais ou menos assim. Ela experimentou em 4 ocasiões diferentes e não curtiu. Na semana passada, ofereci pedacinhos mínimos (lasquinhas com cerca de de 1 mm x 5 mm x 5 mm) explicando que o sabor é forte mesmo. Ela lambeu, perdeu o medo, riu, mordeu e adorou.
Tenho a impressão que quanto mais forte o sabor, menor deve ser o tamanho do ingrediente nos primeiros contatos.
Mesmo adulta, levei anos para me recuperar do trauma de wasabi, que coloquei em abudância num dos primeiros sushis da vida. Foram várias décadas para finalmente eu casar com um japonês, perder o medo e perceber que não é tão ruim assim.