O simples é difícil. Não se enganem. Fazer um feijão gostoso leva tempo, exige paciência e experiência de quem cozinha. Fazer um ovo cozido perfeito exige técnica e equipamentos especiais. Por isso, jamais podemos subestimar o simples. Ele é tudo o que, no fundo, o complexo deseja ser.
Viva a simplicidade das coisas, seja espontânea, seja conquistada com muito trabalho.
Boa semana para todos, com um poema do meu amigo Carlos Castelo.
ODE AO SIMPLES
Eu me afeiçoo às coisas simples
sempre foi assim
cafunés
um beijo leve e quente
escrito numa folha de papel sulfite
um labirinto que cabe na palma da mão
desenhado em superfície plana
sem qualquer pretensão
Amo o simples
que há num buquê de notas musicais
colhidas de última hora
para remediar uma saudade
e me apaziguam
os girassóis envoltos em celofane
Venero a displicência
das borboletas
voando sobre os campos
que tem a amplidão de um abraço
Sim, eu me identifico com a singeleza
do não-dito
Mas dizer o quê?
se a intimidade do silêncio
é a mais justa
se a placidez que há em um sorriso
e tudo mais que nele habita
me é tão familiar?
Eu me prendo às coisas simples
como um cão a uma coleira
e quanto mais sei,
menos preciso
um olhar me basta
para ligar o lado selvagem da mente
perder a guia do controle
e ganhar o céu