Nasci no interior longe do mar, numa cidade sem rio e sem peixaria. Comer peixe era um evento em casa quando meu pai voltava da pescaria. Por isso, passei minha infância longe dos peixes e na idade adulta sem muito amor por esse ingrediente, ainda mais depois de uma intoxicação que eu tive por comê-lo estragado.
Por muita sorte, casei com um japonês, que come peixe cru ou de qualquer jeito desde bebê.
Com ele, aprendi que, para ser gostoso, peixe precisa ser servido no ponto certo.
E como saber qual é? Sempre tenho em mente que como peixe pode ser comido cru, ao contrário de frango e porco, o tempo no fogo não precisa ser grande. No forno, no vapor ou na grelha,
poucos minutos bastam para ficar pronto.
Normalmente, o preparo é estupidamente simples, com apenas um pouco de sal e azeite, porque a grande estrela é o sabor do peixe. Só.
Para variar, é só comprar peixes diferentes, já que nenhum tipo é igual ao outro em sabor.
E pensar sempre em novos acompanhamentos, por mais básicos que sejam.
Confesso que eu não sabia comprar peixe até casar com um japonês. Na verdade, nem sei se aprendi, mas isso também não é um drama: compro sempre num estabelecimento de confiança e não tem erro.
Na gravidez da Júlia, tive uma espécie de trombose nas artérias que levam sangue ao cordão. Um dos médicos disse que isso é raro nos países nórdicos, onde se come muito peixe. Claro que era tarde demais, mas no desespero comecei a tomar loucamente cápsulas de ômega 3 e a andar por aí cheirando a peixe e lamentando a minha infância sem esse alimento saudável.
Quando li no site da Revista Crescer sobre a campanha do Ministério da Saúde e do Ministério da Pesca e Aquicultura, que começou no último dia 11 e vai até o próximo dia 24, estimulando o consumo de peixe, achei superbacana.
É incrível como, num país com tantos rios e tanto mar, o peixe ainda não é tão popular. No entanto, dá para entender: peixe não é barato. E só uma minoria da população é casada com japonês... 🙂