Carlos Castelo, pai do João (6) e meu amigo, escreveu um texto especialmente para este blog. Ele não sabia, mas burger de costela é umas das especialidades do pai da pequena gourmet. Deliciem-se. O post está na mesa.

O BURGER COM PASTA DO JOÃO.

O meu sobrenome Castelo Branco é de antepassados lusitanos que vieram ao Maranhão, em mil seiscentos e bolinha, a convite de El-Rey para criar gado.

Parece que os tataravôs lá eram feraças no manejo da vacaria em Portugal.

Acabaram naufragando em São Luis.

E o que restou da hecatombe náutica fixou-se em meu estado natal, o Piauí, que hoje tem uma das pecuárias mais pujantes do Nordeste.

Por causa dessa, digamos, tradição desde a mais tenra idade sempre comi carnes ao ponto.

Era sacrilégio em casa pedir qualquer coisa bovina que não fosse “rare”.

E qual não foi a minha alegria ao ouvir meu filho mais novo – o João, de sete anos - ordenar ao garçom quando foi a um restaurante conosco:

- Por favor, fraldinha, mas mal passada, moço…

Fui divorciado por um longo tempo. E, em função disso, aprendi a cozinhar além do clássico “restos de pizza de ontem ao molho de doritos e cerveja quente”.

Por causa de meus meninos, o “must eat” em casa acabou sendo algo bem mais estruturado:  o burger – mal passado, é claro -  com penne piccolini ao molho de queijo.

Observação importante: em casa de pai divorciado, é sabido, não há grandes obrigatoriedades em relação a saladas e outras iguarias politicamente corretas.

Por isso é permitido, quando os petizes vão lá, a experimentação não-ortodoxa de determinados sabores talvez desrecomendados pela mayor deste blog.

Perdoem-me por isso, Lígia e Júlia.

Por outro lado, abramos uma exceção.

Os homens se entendem nessas ocasiões - eu tenho três meninos - e há momentos na vida onde é permitido extrapolar.

Dito isto, mãos à obra.

O burger que uso é o Wessel, que pai solteiro que se preza não tem tempo de preparar nada artesanalmente.

A qualidade dessa marca é acima da média para algo industrializado. Carne de boa cêpa e altura na medida.  

O preferido do João é o de picanha.

As peças vêm congeladas. Basta passar sal, pimenta do reino e colocar numa grelha pré-aquecida. Um fio de azeite para não grudar.

Como curtimos o mal passado o truque é grelhá-lo por um bom tempo, só de um lado.

(Se você pressionar a carne com uma colher e estiver saindo caldo, ela ainda estará crua por dentro.)

Depois vire-o e deixe mais um minutinho.

Dica: use esse tempo pra ver se seus filhos não estão na sala amarrando artefatos no rabo do gato ou testando tomadas com grampos.

Na volta, cubra o burger com uma tampa de panela e lance uma pequeníssima mancheia de água fria por debaixo.

Vai fazer um longo “shhhhhhhhhhh”.  Pode-se chamar os filhos pra ver, é bem lúdico.

Concomitantemente, organiza-se o penne piccolini.

O molho é de uma singeleza atroz.

Aqueça uma panela pequena e derreta uma colher de sopa de manteiga.

Depois misture três ou quatro colheres de sopa de cream cheese.

Quando formar-se uma pasta úmida e elástica, lance sobre a massa e salpique um pouquinho noz moscada ralada na hora de servir.

O burger completa o prato.

Aí é só sentar ao lado do filho à mesa, olhar pra ele comendo com gosto e mexer o gelo do whisky com o dedo.

Precisa mais alguma coisa?

Talvez música.

Harmoniza com a trilha do Mario Bros.

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La Mauvaise Réputation by Carlos Castelo

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