Com quantos anos ou meses um coreano começa a comer kimchi? Acelga em conserva com camadas e mais camadas de pura pimenta.
Por ser um prato com cerca de 3.000 anos, imagino que o DNA dos coreanos já esteja mais do que adaptado a aceitar o ardor desde o comecinho da vida.
Well, o mesmo não acontece com a maioria dos ocidentais, nem com minha mesticinha, que, apesar de aceitar muito bem as comidas orientais, hoje não se mostrou pronta para a cozinha coreana.
Almoçamos com ela no restaurante Ré Un De, que fica na Avenida Aclimação. Provou o churrasco adocicado daqueles feitos na própria mesa e não gostou. Da mesma fora, experimentou um peixinho minúsculo com sabor agridoce e cuspiu fora. Quanto às pimentas, passou longe e não quis nem provar.
Comeu um pouco de arroz com frutos do mar, mas sem nenhum entusiasmo. Pedimos então uma anchova grelhada que também foi recusada por ela.
Meu marido e minha sogra ficaram satisfeitos, mas eu ainda prefiro um restaurante no Bom Retiro que costumo frequentar, de vez em quando, com meu amigo coreano Kyu (Nicolas) e o pai dele. Questão de gosto.
Assim como também acho melhor a comidinha caseira da Chai, que certa vez cozinhou especialmente para mim as iguarias da sua terra, a Coréia.
Apesar da Júlia não ter curtido essa experiência, reparei que havia crianças coreanos comendo com muita vontade em outras mesas.
Como então negar que o paladar é cultural? E que é formado desde a infância?
Meus amigos Kyu e Lee moram há mais de 20 anos no Brasil e não dão a mínima para doces. Sei não, mas desconfio que, quando eram crianças, eles gostavam de balas de pimenta... 🙂